Em 1946, Joan Crawford tomou as manchetes dos Estados Unidos após o inusitado episódio em que recebeu prêmio do Oscar em sua cama
Publicado em 02/03/2025, às 16h00
Neste domingo, 2 de março, a partir das 21h, acontece a tão aguardada cerimônia do Oscar, uma das principais premiações de cinema do mundo que, neste ano, chama atenção especial do público brasileiro pelas indicações de 'Ainda Estou Aqui' na categoria de Melhor Filme e de Fernanda Torres em Melhor Atriz.
Embora seja uma honra receber uma estatueta, há também diversos motivos que podem levar algum premiado a, de repente, faltar a premiação.
Na 18ª cerimônia de entrega do Oscar, em 1946, a atriz americana Joan Crawford chamou atenção e ocupou as manchetes dos Estados Unidos. Isso porque, mesmo que ela não tenha ido ao Oscar, no fim, a premiação foi até ela. Entenda!
Segundo o site da revista Far Out, Joan Crawford foi uma atriz que teve sua carreira, dentro e fora das telas, marcada, principalmente, pelo drama; e certamente usou isso para esconder sua idade, visto que até hoje ninguém sabe quando exatamente ela nasceu.
Ela alcançou destaque especialmente nas décadas de 1920 e início de 1930, até que viu sua popularidade caindo pouco a pouco, depois que encarou uma série de decepções comerciais, quase arruinando sua carreira. Porém, na primeira metade da década de 1940, surgiu um trabalho que mudou tudo, ao atuar como a protagonista do filme 'Alma em Suplício'.
Um clássico, o filme acompanha Mildred Pierce, que após ser traída e abandonada pelo marido, "quer provar que consegue ser independente e criar suas duas filhas sozinha. Apesar do sucesso no ramo de restaurantes, ela não tem a aprovação da filha Veda, que se envolve com o padrasto", segundo a sinopse.
O filme teve uma recepção mista na época, mas ainda assim chamou atenção o suficiente para receber 5 indicações ao Oscar, nas categorias de melhor filme, melhor atriz — para Crawford —, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro e melhor fotografia. Porém, de todas as opções, o único prêmio levado para casa foi de Joan Crawford.
No entanto, quando chegou o derradeiro dia da premiação, 7 de março de 1946, a atriz surpreendeu a academia ao alegar que sofria com uma gripe. Em vez de ficar sozinha e em repouso em sua casa, muitos fotógrafos entraram na residência e se reuniram ao redor da sua cama. Já a atriz — que estava vestida impecavelmente — recebeu o prêmio em suas mãos.
Se os eleitores da Academia estavam me dando o Oscar, sentimentalmente, por 'Mildred' ou por 200 anos de esforço, dane-se, eu merecia", disse ela na ocasião.
No livro 'Bette and Joan: The Divine Feud', uma biografia de duas lendas de Hollywood, Bette Davis e Joan Crawford, o autor Shaun Considine descreve a luta contra a gripe de Crawford no dia do Oscar como "uma condição psicossomática", e sugere que a verdadeira razão pela qual ela não conseguiu ir ao Oscar pessoalmente era "uma garrafa de bourbon Jack Daniels".
No entanto, sendo isso verdade ou não, é impossível negar que esse episódio é condizente com a reputação e o desejo de ser celebrada, tanto de frente quanto por seus colegas, da atriz.
"Não acho que haja alguém que teria coragem, ou talvez falta de autoconsciência, para tentar qualquer uma das façanhas que Joan Crawford tentou ao longo dos anos", afirmou o veterano da Turner Classic Movies, Dave Karger, ao The New York Post. "Ela simplesmente parecia não ter vergonha — e nenhum problema em mostrar à indústria o quanto ela queria atenção".
No fim, não importa se Joan Crawford estava realmente gripada, como seguiu defendendo posteriormente, inventando a fragilidade por estar com problemas com álcool ou mesmo como estratégia para garantir que as manchetes do dia seguinte fossem todas sobre ela. O resultado foi que ela teve uma atitude clássica que as pessoas esperariam dela, e marcou para sempre a história do Oscar com o episódio singular.
