Descoberta arqueológica de tumba pintada com detalhes intrincados revela costumes, crenças e habilidades artísticas de um povo milenar
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/02/2025, às 11h00
Na Itália, uma descoberta arqueológica se relaciona com a rica cultura etrusca. Uma tumba pintada, datada de meados do século 5 a.C., foi encontrada na necrópole de Monterozzi, em Tarquinia.
Os afrescos vibrantes, que adornam as paredes da tumba, retratam cenas de dança e uma oficina de artesãos, oferecendo um vislumbre fascinante da vida e dos costumes desse povo antigo.
Essa descoberta é particularmente significativa, pois é o primeiro sepulcro pintado com um friso figurativo a ser encontrado em Tarquinia em um século. A tumba, agora conhecida como Tumba 6438, foi descoberta no final de 2022, durante uma inspeção de rotina de arqueólogos da Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem da Etrúria Meridional.
Ao examinarem tumbas que haviam sido saqueadas e desmoronadas, os pesquisadores identificaram a câmara parcialmente enterrada. Para evitar possíveis saques, a descoberta foi mantida em segredo até que a estrutura pudesse ser protegida e estabilizada.
A escavação da tumba revelou uma história intrigante de perturbações naturais e humanas. Segundo Daniele Maras, arqueólogo responsável pela descoberta, o túmulo pintado foi construído abaixo de um local de sepultamento mais antigo.
"Após restaurar o o à câmara funerária e instalar uma porta de metal, a escavação arqueológica demonstrou que todo o material coletado não pertencia aos bens funerários do túmulo pintado, que remonta a meados do século 5 a.C., mas havia caído do túmulo superior, mais de um século mais antigo, do final do período orientalizante", explicou Maras em comunicado.
A parede esquerda, a mais bem preservada, exibe uma cena animada de quatro figuras, sendo dois homens e duas mulheres, dançando ao som de um flautista. Essa representação demonstra a paixão dos etruscos por música e celebrações.
A parede do fundo, mais danificada, retrata uma mulher, possivelmente falecida, acompanhada por alguns jovens. Já a parede da direita, revela uma oficina metalúrgica em atividade, sugerindo uma representação do trabalho artesanal da família do falecido.
A superintendente Margherita Eichberg elogiou a qualidade extraordinária das pinturas: "A qualidade extraordinária das pinturas já é evidente na primeira restauração, realizada por Adele Cecchini e Mariangela Santella, que destaca os detalhes refinados do flautista e de uma das dançarinas", disse no comunicado.
Segundo o 'Archaeology News', a descoberta da Tumba 6438 é um tesouro cultural que oferece informações valiosas sobre a vida, os costumes e as crenças dos etruscos, um povo antigo que deixou uma marca indelével na história da Itália.
Diante da delicada condição da tumba, um amplo projeto de conservação foi iniciado. Especialistas em restauração estão cuidadosamente reforçando as paredes da estrutura, ao mesmo tempo em que trabalham para realçar a beleza dos afrescos, muitas vezes desbotados pelo tempo.
Análises de imagens multiespectrais estão sendo utilizadas para identificar e reconstruir as cores originais dos pigmentos, permitindo que os afrescos recuperem sua vivacidade.
Visando proteger a tumba de futuras deteriorações, uma pequena guarita será construída na entrada. A estrutura ajudará a manter um clima interno estável, protegendo as pinturas da umidade e de outras variações climáticas que podem danificá-las.
