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Notícias / Arqueologia

Novas evidências apontam rebelião liderada por escravizados há 1.200 anos no Iraque

Rebelião ocorrida entre 869 e 883 d.C. foi protagonizada por escravizados africanos forçados a trabalhar na construção de canais

por Giovanna Gomes
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Publicado em 13/06/2025, às 10h49

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Antigo sistema de canais foi analisado em novo estudo - Divulgação/Peter Brown
Antigo sistema de canais foi analisado em novo estudo - Divulgação/Peter Brown

A fim de investigar a origem e a autoria de um antigo e extenso sistema de canais no sul do atual Iraque, um grupo internacional de pesquisadores realizou uma nova análise que lança luz sobre um capítulo brutal da história islâmica medieval.

Entre os anos de 869 e 883 d.C., ocorreu a Rebelião Zanj, protagonizada por milhares de escravizados africanos que foram forçados a trabalhar na construção desses canais e que, após anos de abusos, se levantaram contra o califado abássida. Segundo textos históricos, a revolta paralisou o controle governamental da região por mais de uma década.

Embora os canais, que cobriam cerca de 800 km² ao redor de Basra, não estejam mais em uso, seus vestígios — como 7 mil cristas de terra feitas manualmente — ainda pontuam a paisagem. No entanto, até recentemente, não havia confirmação científica de que essas estruturas datavam da época da rebelião.

Para preencher essa lacuna, arqueólogos coletaram amostras de solo de quatro dessas cristas e as submeteram à técnica de datação por luminescência opticamente estimulada (OSL), capaz de determinar quando o solo foi exposto à luz solar pela última vez.

Conforme informações do Live Science, os resultados, publicados na revista Antiquity, apontam que as cristas foram erguidas entre o final do século 9 e meados do século 13. Isso torna altamente provável, segundo Peter J. Brown, autor principal do estudo, que parte dessas estruturas tenha sido construída pelos próprios rebeldes Zanj durante ou após a revolta. Ao mesmo tempo, a pesquisa revela que a construção e manutenção do sistema continuaram por séculos, talvez por escravizados remanescentes ou por camponeses livres.

O término abrupto da atividade nas cristas por volta do século 13 pode estar ligado à invasão mongol e ao saque de Bagdá em 1258, que marcou o colapso do califado abássida. Essa longa continuidade de uso levanta dúvidas sobre a crença de que o uso de africanos como mão de obra escrava agrícola teria cessado com o fim da revolta Zanj — uma suposição historicamente aceita que agora é desafiada.

O portal de notícias destaca que a vida dos Zanj era extremamente dura. Fontes medievais relatam campos de trabalho com grupos de 50 a 500 escravizados, supervisionados por agentes brutais. Cavavam canais, erguiam cordilheiras de terra e limpavam os leitos para garantir o fluxo contínuo da água — uma tarefa exaustiva e contínua.

Reação de especialistas

Apesar da importância da descoberta, especialistas como Adam Ali, da Universidade de Toronto, recomendam cautela: o estudo baseou-se em apenas quatro cristas e mais investigações são necessárias.

Já a professora Kristina Richardson, da Universidade da Virgínia, considera os achados "extraordinários", pois questionam interpretações históricas consolidadas sobre a escravidão africana no Oriente Médio medieval.