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Notícias / Arqueologia

DNA antigo revela segregação genética surpreendente na Papua-Nova Guiné

Estudo inédito com genomas de 2.600 anos revela que povos antigos da Nova Guiné viveram lado a lado, mas quase sem se misturar

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 09/06/2025, às 14h37

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Uma pintura que reflete as diversas culturas que vivem em Papua-Nova Guiné - Reprodução/Arison Kul
Uma pintura que reflete as diversas culturas que vivem em Papua-Nova Guiné - Reprodução/Arison Kul

Um novo estudo genético está reescrevendo parte da história humana no Pacífico. Pesquisadores revelaram, pela primeira vez, o sequenciamento de genomas humanos antigos da Papua-Nova Guiné, mostrando que alguns dos primeiros grupos que habitaram a região viveram em completo isolamento genético — mesmo estando próximos geograficamente.

Os achados, publicados na revista Nature Ecology & Evolution, mostram que houve pouco ou nenhum casamento entre povos vizinhos por vários séculos. As descobertas surpreendem por desafiar a noção comum de que o contato geográfico entre grupos humanos leva inevitavelmente à mistura genética.

O estudo analisou material genético extraído de ossos e dentes de 42 pessoas que viveram há cerca de 2.600 anos, tanto na atual Papua-Nova Guiné quanto nas ilhas vizinhas do Arquipélago Bismarck, ao nordeste da ilha principal. De acordo com a coautora Kathrin Nägele, arqueogeneticista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, a coleta e análise do DNA foram um desafio por conta das difíceis condições de preservação nos trópicos.

"Isso levou muito tempo para ser feito", afirmou Nägele ao site Live Science. "A preservação do DNA em ambientes tropicais é extremamente desafiadora".

A Nova Guiné, segunda maior ilha do mundo depois da Groenlândia, foi um importante ponto de partida para migrações humanas em direção às ilhas mais remotas do Pacífico. No entanto, sua complexa história genética permanecia pouco compreendida até agora.

Entre os dados mais surpreendentes, os cientistas constataram que os primeiros habitantes do Arquipélago Bismarck não se misturaram geneticamente com os recém-chegados da cultura Lapita — um povo marítimo de origem asiática que chegou à região cerca de 3.300 anos atrás. Apesar de ocuparem o mesmo território, os dois grupos permaneceram geneticamente distintos por séculos.

"Apesar da coocupação, parece que os diferentes grupos não se misturaram por um longo tempo, o que é bastante incomum em encontros humanos", explicou Rebecca Kinaston, antropóloga e coautora do estudo.

Segundo o 'Live Science, somente cerca de 2.100 anos atrás foi identificada, em um dos indivíduos estudados, a evidência de miscigenação entre os dois grupos.

Vizinhos

As novas descobertas também trazem implicações importantes para o entendimento da colonização das ilhas mais distantes do Pacífico, como Tonga, Samoa e Vanuatu. Segundo os pesquisadores, os povos papuas e os lapitas chegaram separadamente a essas ilhas, onde só então se casaram entre si — e não na Nova Guiné, como se pensava anteriormente.

"Isso sugere que os papuas eram capazes de uma navegação notável", comentou Nägele. "Os caçadores-coletores marítimos de Papua-Nova Guiné provavelmente foram subestimados, assim como as sociedades de caçadores-coletores tendem a ser subestimadas em todo o mundo".

Outro ponto revelador do estudo foi a análise de duas comunidades da costa sul da Nova Guiné que viveram entre 150 e 500 anos atrás. Embora separadas por apenas alguns quilômetros e sem barreiras geográficas entre elas, os grupos apresentaram diferenças genéticas inesperadamente profundas.

Foi preciso rastrear seis gerações para encontrar um ancestral comum entre os habitantes dos sítios arqueológicos de Eriama e Nebira. E mesmo assim, os perfis genéticos eram distintos: Eriama tinha predominância de ancestralidade papua, enquanto Nebira apresentava forte presença genética do Sudeste Asiático.

Uma hipótese para essa divisão, segundo os cientistas, é que um período de instabilidade climática — com mais eventos de El Niño e secas severas entre 1.200 e 500 anos atrás — forçou populações a se reorganizar e formar novas redes sociais e econômicas.

"Nebira parecia se envolver mais com grupos costeiros, e Eriama, mais com grupos do interior, vindos das terras altas", disse Nägele. "Isso pode ter levado a identidades, culinárias e outras diferenças que resultaram em uma diversificação cultural ainda maior".

Mistérios

O estudo representa um avanço significativo na compreensão da história humana na região do Pacífico, mas os pesquisadores alertam que ainda há muito por descobrir. Futuras análises devem incluir amostras das terras altas da Nova Guiné e de povos asiáticos que migraram para a ilha.

"Papua-Nova Guiné é um lugar tão diverso em tantos aspectos que mal começamos a entender o que há para aprender sobre o ado da segunda maior ilha do mundo", concluiu Nägele.