Como novo episódio de Black Mirror se inspirou em documentário dos Beatles?

Na última semana, chegou à Netflix a nova temporada de 'Black Mirror', um compilado de contos de ficção científica distópicos que mostram o lado negativo dos avanços da tecnologia, que vem chamando grande atenção dos s do streaming. E segundo os criadores, o quinto episódio da nova leva, intitulado 'Eulogy', teve inspiração no documentário 'The Beatles: Get Back', sobre uma das bandas mais famosas do mundo.

No episódio em questão, acompanhamos um homem recluso chamado Phillip (Paul Giamatti), que certo dia recebe uma ligação de uma mulher chamada Kelly Royce (Patsy Ferran), que o informa que a mãe, Carol — ex-namorada de Phillip — faleceu, e que a família gostaria que ele ajudasse com o memorial.

O homem aceita a proposta e acaba recebendo um pacote com um dispositivo que permite que seu usuário insira fotos antigas, de forma a criar um elogio fúnebre a uma pessoa que faleceu. Phillip então começa a buscar registros de seu ado com Carol, mas muitas das fotos estão rasgadas ou riscadas — pois ele, em sua mente, "a transformou em uma vilã", segundo o diretor do episódio, Charlie Brooker.

Dessa forma, para tentar recordar melhor das lembranças, a tecnologia ainda permite que Phillip "reviva" as fotografias, e o acompanhamos ao longo do episódio enquanto se recorda dos momentos bons e ruins que viveu com Carol.

"Essa era a narrativa dele, que ela era apenas uma pessoa terrível com ele e fez uma coisa horrível. Ele tem uma nova visão sobre o que ela estava ando, algo que ele não se permitiu ver [na época]. Como consequência disso, ele se apaixona por ela novamente no final, o que é agridoce porque ela se foi", complementa Brooker ao Tudum, da Netflix.

Inspiração?

Embora pareça inusitado, Brooker e a roteirista do episódio, Ella Road, disseram ao Tudum que a narrativa foi escrita após assistirem o documentário 'The Beatles: Get Back', que cobre a produção do emblemático álbum 'Let It Be', lançado em 1970 pelo "quarteto de Liverpool".

Conforme eles explicam, o fato que mais lhes chamou atenção no documentário foi que, para sua produção, foi utilizada uma tecnologia que aprimorou imagens e registros antigos da banda, além de extrair os vocais isolados de John Lennon, possibilitando que o público assistisse e ouvisse os materiais com maior clareza, repercute a CNN.

Dessa forma, assim como no episódio amargo de 'Black Mirror', os novos espectadores puderam "reviver" algumas memórias dos Beatles, quando a banda-fenômeno ainda produzia e tinha todos os seus membros vivos. O que mais uma vez nos recorda, também, da perda que foi para o mundo da música a dissolução do grupo.